Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ quinta-feira, abril 18, 2024
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É preciso lucidez para salvar vidas

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Está clara a incapacidade de Jair Bolsonaro para exercer o cargo da Presidência da República em qualquer situação, imagine então numa situação de pandemia viral.

Por Marcos Aurélio Ruy

Além de não tomar nenhuma medida para conter o novo coronavírus, Bolsonaro exorta o povo a sair do isolamento social proposta pela Organização Mundial da Saúde. Numa arriscada jogada política para golpear a democracia, já que se isola dia a dia.

O presidente, eleito por menos de 40% do total de eleitores em 2018, já ultrapassou todos os limites de sua própria insanidade. Suas falas são sempre contra a prevenção de vidas. Não dá mais. Ou o Brasil tira Bolsonaro do cargo mais importante do país ou a situação pode ser catastrófica além de todas as contas.

O Congresso Nacional está chamado a exercer o papel que o presidente não faz. É necessário pensar nos 210 milhões de brasileiros e brasileiras. Há urgência em devolver a Medida Provisória (MP) 927 que pode criar o caos porque visa proteger apenas o patrimônio dos mais ricos e não faz nada para proteger quem vive do trabalho e, pior ainda, os que estão sem emprego, trabalho precário ou moram nas ruas.

Como forma de obter verba para o necessário combate às pandemia com preservação de vidas, tem circulado pelas redes sociais a proposta de criação de um imposto de 3% sobre os 206 bilionários existentes no país, que respondem por uma fortuna calculada em R$ 1,2 trilhão.

A arrecadação com isso seria de R$ 36 bilhões, superior a 1/3 de todo o orçamento do Ministério da Saúde, em 2020, e mais que o orçamento anual do Bolsa Família, que o governo federal corta beneficiários. Além disso, se o país taxasse os 1% mais ricos poderia arrecadar mais R$ 80 bilhões, como noticiou o Portal Vermelho. Somados seriam R$ 116 bilhões que poderiam ser usados no combate à pandemia, neste momento e para a educação e saúde públicas no futuro.

Até o momento, os dirigentes políticos com maioria no Congresso, falam em sacrifício de trabalhadoras e trabalhadores do setor público, pensando em redução de salários. Poucos defendem a taxação de grandes fortunas, mas sem essa taxação tudo pode degringolar. Cobrar imposto dos mais ricos não os prejudicará em nada e poderá beneficiar milhões de pessoas

É preciso pensar nos mais pobres e planejar o combate à Covid-19 em favelas, aldeias de povos indígenas, promover o isolamento social adequadamente e procurar os remédios que têm apresentado resultados como os de Cuba e China. É preciso comprar mais testes para testes em massa como fez a Coreia do Sul com resultados extraordinários para vencer a Covid-19.

Vários governos vêm tomando medidas em favor dos mais pobres. Na França, o governo suspendeu o pagamento das taxas de água, luz e gás e estatizou provisoriamente muitos hospitais. O presidente da França, Emmanuel Macron, de extrema-direita, reconheceu publicamente inclusive a falência do projeto neoliberal e prega mudanças profundas no capitalismo.

O historiador Eric Hosbawm, em seu livro Como Mudar o Mundo, afirma que o capitalismo não tem solução para a humanidade, aliás, “o capitalismo é o problema”. Os acontecimentos comprovam essa afirmação com muita clareza e profundidade.

Inclusive a mídia, elogiada por uns, tem feito o papel torpe de sempre. Bastou a edição de uma medida provisória em favor do capital para amenizarem os ataques ao ainda presidente.

Tem até analista dizendo que a pandemia evidenciou um “mau individualismo”, como se existisse um bom individualismo, numa tentativa de justificar os efeitos de suas críticas ao projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e combate à pobreza, alegando o fantasma do comunismo.

É preciso pôr de ponta cabeça as ideias de meritocracia e empreendedorismo. Essas questões só seriam válidas em uma sociedade com possibilidades iguais para todos e todas. E o Brasil é um dos países mais concentradores de riqueza. Poucos têm muito e a imensa maioria sobrevive com muita luta e suor, à duras penas.

Mais do que nunca é preciso mudar o mundo, inverter a lógica do livre mercado e valorizar as pessoas, o trabalho, a natureza, a vida. Suplantar os valores burgueses de concentração de riqueza e dar valor ao bem comum.

Para isso, é importante a união de todos os setores democráticos com objetivo de frear o avanço do mal, do individualismo, da soberba. Levar a vida com resiliência e respeito.

Afinal, a pandemia do novo coronavírus mostra a urgência de mudar o mundo, transformando-o em um lugar bom para todas e todos.

www.ctb.org.br

 

 

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