A polarização entre Haddad e Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais serviu para revelar o caráter de boa parte do patronato brasileiro, que trata as trabalhadoras e trabalhadores contratados por suas empresas como escravos que devem servir a vontade de seus senhores em todas as frentes, abrindo mão da liberdade e da própria consciência. Durante a campanha o Ministério Público do Trabalho registrou nada menos do que 200 casos de coação eleitoral, em que o trabalhador foi pressionado com ameaças Patrões escravocratas de demissão e argumentos chantagistas a votar no candidato da extrema direita.
É sintomático de que oito em cada 10 casos tenha ocorrido na região Sul, onde a força da extrema direita é relativamente maior.
O Estado de Santa Catarina lidera o ranking, com 100 denúncias, seguido do Rio Grande do Sul, com 32, e do Paraná, com 25.
A denúncia com maior repercussão no país veio de Santa Catarina, onde o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, enviou um vídeo a seus colaboradores coagindo-os a votar em Bolsonaro. Hang ameaçou claramente com demissões em caso de vitória de Haddad.
A Havan foi obrigada a se retratar e teve que veicular um vídeo em suas páginas institucionais no Facebook e no Twitter com o teor da decisão judicial.
Esses episódios mostram a ligação de Bolsonaro com as classes ricas dominantes.
Jornal da CTB 29/10/2018