Fiocruz alerta que o Brasil precisa “aprender com as lições que a Europa tem dado para não errar nos mesmos pontos”
Enquanto a Europa enfrenta uma explosão de casos de Covid-19, com um aumento expressivo de novas contaminações na Alemanha, e muitos países temem uma piora da pandemia, especialmente por causa dos não vacinados, no Brasil, com o avanço da vacinação, diversos estados registraram os primeiros dias sem mortes pela doença desde abril de 2020.
O problema é que a redução dos números de casos e mortes no Brasil abriu caminho para o relaxamento das restrições ao funcionamento do comércio e à presença de público em eventos culturais e esportivos. E, como o país não tem 80% da população vacinada, percentual considerado adequado pelos especialistas para começar a flexibilizar restrições, os riscos são enormes. Um exemplo disso é o Rio de Janeiro, um dos primeiros estados a liberar o uso de máscaras em locais abertos. No Rio, 90% dos internados por Covid-19 não completaram imunização.
Uma das consequências destes dados é que nesta sexta-feira (12), o prefeito Eduardo Paes publicou um decreto no Diário Oficial que prevê que as máscaras seguirão obrigatórias em ambientes fechados no Rio, mesmo que a cidade alcance nos próximos dias a marca de 75% da população geral vacinada contra a Covid-19. Esse decreto revoga o anterior, de outubro, que autorizava automaticamente a retirada das máscaras quando a capital alcançasse os 75%. Atualmente, as máscaras são opcionais em ambientes abertos, sem aglomeração, de acordo com a lei estadual do mês passado.
Para pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), as altas taxas de transmissão e circulação do novo coronavírus na Europa, que sofre com as novas variantes, deve servir de alerta para o Brasil, que precisa “aprender com as lições que a Europa tem dado para não errar nos mesmos pontos”.
A situação da piora da pandemia em vários países no mundo levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar que a Europa “enfrenta ameaça real de ressurgimento da Covid-19”.
Nesta quinta-feira (11), a Alemanha registrou o quarto dia consecutivo com recorde diário de casos de Covid-19, com 50.196 novas infecções em 24 horas. O país enfrenta uma nova onda de casos de coronavírus pouco antes do inverno.
A Bulgária também registrou um número recorde de mortes diárias na terça-feira (8). Foram 334 mortes causadas pela Covid-19. Mais de 8.500 pessoas ocupam leitos de hospitais para tratar a doença no país, incluindo 734 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
A alta também foi registrada na Ucrânia e na Rússia, que notificaram 833 e 1.211 mortes em 24 horas, respectivamente.
O Reino Unido também tem enfrentado uma série de novas infecções desde o final do verão, mas tem resistido à implementação de medidas como o uso de máscaras ou passes de vacinas, que se tornaram comuns em toda a Europa.
Números da Covid-19 no mundo
O mundo ultrapassou a marca de 5 milhões de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia na segunda-feira (8) – marca que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chamou de “um novo limiar doloroso”.
Números da Covid-19 no Brasil
No Brasil, os números seguem caindo. Em 24 horas, o país registrou 188 mortes e 15.300 casos de Covid-19. Nesta quinta-feira (11), as médias móveis de óbitos e de infecções ficaram em 222 e 10.780, respectivamente, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Com a atualização, o país tem um total de 610.224 mortes e 21.924.598 infecções confirmadas desde o início da pandemia, em março de 2020.
90% dos internados no Rio por Covid não completaram imunização
Cerca de 90% dos internados com a doença na capital fluminense não completaram a vacinação contra a doença, de acordo com o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz.
Nesta quinta (11), até as 11h de hoje, o Rio tinha 51 pacientes internados para tratamento de Covid, somando UTI e enfermaria. Desse total, somente cinco tomaram as duas doses do imunizante, de acordo com o secretário.
Dados do Censo Hospitalar da Prefeitura do Rio mostram que a capital tem 35 leitos de UTI covid ocupados, ou seja, com casos mais graves da doença.
58% da população brasileira tem imunização completa
Quase 58% da população brasileira está totalmente imunizada ao tomar a segunda dose ou a dose única de imunizantes contra a Covid. Até agora, já são 123.407.869 doses aplicadas, número que representa 57,85% dos brasileiros, segundo dados são do consórcio de imprensa.
Tomaram a primeira dose de alguma vacina contra a Covid e estão parcialmente imunizados 156.632.260 pessoas, o que representa 73,43% da população. A dose de reforço foi aplicada em 11.351.696 pessoas (5,32% da população).
www.cut.org.br
