Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sábado, abril 27, 2024
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Adilson da CTB: “Tirar o Brasil do desemprego e da estagnação”

Adilson Araújo, presidente nacional da CTB
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CONCLAT será o ponto de vista do trabalhador

Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em conversa virtual, no caminho da sua casa para sede da CTB, declarou ao HP: “Vivemos um momento crítico. Vamos ter eleições. As pesquisas demonstram ser possível derrotarmos Bolsonaro. Será uma batalha dificílima. Ele é golpista, é um farsante. Se reeleito, vai aprofundar a crise com o seu hiperliberalismo. Será a batalha que decidirá a salvação ou perdição da nossa Pátria. É preciso que a classe trabalhadora assuma o protagonismo para livrar o país desse governo genocida e para tirar o Brasil da pior crise de sua história”.

Para Adilson, a 3ª CONCLAT (Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras), convocada pelo Fórum das Centrais Sindicais, para o dia 7 de abril, pretende discutir um programa para o movimento sindical apresentar nas eleições. Afirmou que “o povo brasileiro não suporta mais. Vive hoje no desespero. São 29 milhões de brasileiros desempregados ou subempregados, 19 milhões passando fome e 116 milhões, mais da metade da população, com insuficiência alimentar”. Adilson acusou Bolsonaro “de abandono e desinformação à população”. Sem defesas, 640 mil brasileiros morreram, vítimas da falta de vacinas, de máscaras, de oxigênio, de leitos e de profissionais da Saúde. Para o sindicalista, “tirar o país da crise é tão importante quanto derrotar Bolsonaro”. Lembrou que “em 8 anos, desde 2014, o PIB (soma de tudo que é produzido no país) despencou mais de 10%”.

“REVOGAÇÃO DA REFORMA TRABALHISTA DO TEMER”

A 1ª CONCLAT foi realizada em 1981, 40 anos atrás, desafiando a ditadura militar. Segundo o presidente da CTB, “a luta hoje, como em 1981, é em defesa da democracia, contra o fascismo. A luta é contra o desemprego, pela reindustrialização do país. Contra o arrocho salarial: o salário mínimo, que já estava no chão, foi reajustado abaixo da inflação. A maioria das categorias teve reajuste abaixo da inflação. É em defesa dos direitos trabalhistas. Pela revogação da Reforma Trabalhista do Temer, que modificou 100 artigos da CLT, criou o trabalho intermitente, permitiu a grávida trabalhar em local insalubre, liberou a terceirização, obrigou o trabalhador a pagar as custas na Justiça trabalhista se perder o processo (perde duas vezes). Golpeou a organização sindical, a negociação coletiva e o custeio das entidades, sufocou financeiramente os sindicatos, para debilitar de morte o sistema de unicidade sindical. Além de tudo, centenas de milhares de trabalhadores uberizados, sem qualquer direito, estão trabalhando 15 horas por dia”.

Adilson considera que a CONCLAT é para fortalecer a participação do trabalhador. “A luta hoje exige uma Frente Ampla, de todos que são contra o fascismo e a favor da vida”, afirmou. “A política de Frente Ampla já permitiu importantes vitórias contra o Bolsonaro. Conquistamos o aumento do auxílio emergencial, em 2020, de 200 reais para 600 reais por mês, que atendeu a 70 milhões de brasileiros. Conseguimos liberar 80 bilhões de reais para Estados e Municípios, o financiamento para micro e pequena empresa. Tudo somado deu um total de 600 bilhões de reais, contra a vontade do governo. Tivemos força para instalar a CPI da pandemia, que desmoralizou Bolsonaro. A mais recente vitória foi a conquista da Federação de partidos, uma vitória da democracia, que vai permitir a participação mais plena de todos os segmentos nas eleições”.

“A luta agora vai entrar em sua fase decisiva. A presença protagonista dos trabalhadores estabiliza a Frente como o cimento une os tijolos”, asseverou.

“O Brasil já deu exemplo para o mundo. Durante 50 anos, de 1930 a 1980, foi a economia que mais cresceu no planeta, a uma média de 7% ao ano. A revolução de 30 industrializou o país, criando emprego de qualidade. O salário mínimo era capaz de sustentar uma família de 4 pessoas, que o DIEESE calcula em 6 mil reais. A Justiça Trabalhista, a CLT e a fiscalização do Ministério do Trabalho formavam uma formidável rede de proteção aos direitos trabalhadores”.

“Depois de 20 anos de ditadura, a nação se uniu, conquistou a democracia e elegeu um Congresso capaz de elaborar uma Constituição revolucionária, nacionalista e democrática. Hoje, retalhada pelas PEC’s entreguistas”, afirmou Adilson.

Em sua opinião, “o neoliberalismo devastou o Brasil. Pôs a perder tudo que foi construído em décadas, inclusive com o martírio de Getúlio Vargas. O crescimento médio caiu para 2%. A indústria, que atingiu 30% do PIB, não chega hoje a 10%. Em 1980, o PIB brasileiro foi de 235 bilhões de dólares e o Chinês foi 191 bilhões de dólares. Em 2020, o PIB brasileiro foi de 1,45 trilhão de dólar e o Chinês de 14,7 trilhões de dólares”.

“SÃO INCONTESTÁVEIS OS AVANÇOS NO GOVERNO LULA, MAS NÃO TOCOU NOS ALICERCES DO NEOLIBERALISMO”

Para Adilson, “foi uma façanha” eleger Lula presidente do Brasil. “Metalúrgico e sindicalista, Lula nasceu e cresceu como liderança nacional na estrutura sindical”. “Digo que não seria possível elegê-lo, se não fosse esse espaço”. O sindicalista considera que “são incontestáveis” os avanços, principalmente, no 2º mandato. Citou o aumento real substancial do salário mínimo, a suspensão provisória das privatizações, a descoberta do pré-sal e a política externa independente. Segundo Adilson, “Lula, no entanto, não tocou nos alicerces do neoliberalismo, no tripé macroeconômico: câmbio flutuante, metas subestimadas de inflação, que justificam a alta dos juros para atrair o capital externo e o superávit primário para o pagamento dos juros da dívida pública. O resultado é a inundação de dólares, valorização do real, barateamento das importações e encarecimento das exportações, desnacionalização das empresas e o envio cada vez maior de recursos para o exterior”.

Conforme Adilson ”o Estado neoliberal é um Estado que alavanca a transferência de recursos do Tesouro para o rentismo em geral, para os bancos e para os monopólios. Por ex: enquanto o PIB estagnou, após cair 10%, os três principais bancos privados lucraram 70 bilhões de reais em 2021.  Quer outro, Bolsonaro transferiu do Tesouro para o rentismo, como pagamento de juros, 312 bilhões de reais em 2020 e 448 bilhões de reais em 2021”.

“A INFLAÇÃO QUE ASSALTA OS SALÁRIOS E ENRIQUECE OS ESPECULADORES”

Seguindo, Adilson citou que “a inflação que assalta os salários e enriquece os especuladores foi provocada pelo governo que atrelou o preço dos combustíveis ao dólar e aos preços internacionais contra os interesses nacionais e a favor dos acionistas estrangeiros. De quebra a taxa de juros do Banco Central subiu de 4,4% para 10,75%”.

Segundo o líder sindical, “o Estado desenvolvimentista é o contrário: o desemprego se resolve com desenvolvimento econômico. É quem estimula o investimento privado com o investimento público, quem alavanca a produção, puxa a reindustrialização, fortalece o mercado interno, desenvolve a ciência. O Estado desenvolvimentista produz onde a empresa privada nacional não entra ainda, pesquisa e planeja. Planeja o reposicionamento das estatais, da Petrobrás, da Eletrobrás, dos Correios, dos bancos públicos, da Vale. Os recursos públicos do Estado financiam as empresas genuinamente nacionais. O Estado desenvolvimentista deve encontrar as fontes de financiamento, reduzindo juros, defendendo o câmbio, controlando o envio de recursos para o exterior e, revendo os 450 bilhões de reais que se esvaem do Tesouro pela renúncia fiscal sem critérios”.

Adilson completa o raciocínio: “o neoliberalismo golpista de Temer e Bolsonaro fez a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência. Corta direitos e praticamente impede o pobre de se aposentar, golpeia a unicidade e estimula o pluralismo sindical. O Estado desenvolvimentista criou a CLT, o Salário Mínimo suficiente para as necessidades de uma família de quatro pessoas, criou o Ministério do Trabalho, a Justiça Trabalhista e a unicidade sindical com financiamento para as entidades.

“A única saída para crise é desenvolver o país, com a produção voltada para o mercado interno. O neoliberalismo só vai aprofundar a crise. Vamos fazer pressão, botar o povo na rua. Ajuda quem quer avançar e é um alerta a quem puxa para trás. Para os brasileiros, pode ser a diferença entre o céu e o inferno”, concluiu Adilson.

www.horadopovo.com.br/Carlos Pereira

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