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/ segunda-feira, maio 20, 2024
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8 de março levará às ruas a luta pelo fim da violência contra a mulher

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Movimentos de mulheres priorizam o combate à violência. Procuradora do MPT fala sobre alguns dos motivos que explicam aumento dos números de casos nos últimos anos

Pauta prioritária dos movimentos feministas, o fim da violência contra a mulher, que envolve tanto a questão de gênero como a violência doméstica, será bandeira principal das manifestações programadas para o 8 de Março – Dia Internacional da Mulher – deste ano. O evento volta a ser realizado presencialmente nas ruas de várias cidades, depois de dois anos de pandemia (Veja abaixo locais onde atos estão confirmados)

Concluída no final de 2021, uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto DataSenado em parceria com Observatório da Violência Contra a Mulher, mostrou que 86% das mulheres brasileiras perceberam um aumento da violência contra elas no ano passado. O número é 4% maior que em 2020.

Ainda de acordo com a pesquisa, que ouviu três mil pessoas entre 14 de outubro e 5 de novembro de 2021, cerca de 68% das pessoas entrevistadas conhecem alguma vítima e 27% declararam já ter sofrido este tipo de violência.

A pesquisa é uma entre as muitas realizadas durante o período de pandemia que comprovam o aumento da violência tendo com uma das causas os efeitos do isolamento social e da crise sanitária. “A experiência mostra que em crises econômicas, sociais e sanitárias as mulheres são vítimas de violência de gênero e de violência doméstica”, afirma a procuradora regional do Trabalho (MPT), Adriane Reis de Araújo.

Durante o período mais crítico da pandemia, ela diz, houve um encolhimento significativo do mercado de trabalho e tinham mais mulheres desempregadas do que trabalhando. E a dependência econômica da mulher é um fator que contribui para o aumento dos casos, explica a procuradora.

Outro fator apontado por Adriana, que também é coordenadora nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades (Coordigualdade) do MPT, é que houve uma dificuldade no início da pandemia em denunciar os casos e as vozes das mulheres foram, de certa forma, silenciadas.

“Quando um homem percebe que a mulher não tem para onde correr, não tem como denunciar e se proteger, ele abusa ainda mais da violência contra ela”, acrescenta a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Batista. Segundo ela, a opressão machista se dá principalmente desta forma.

“E na pandemia, com o isolamento, as mulheres ficaram sem emprego e presas dentro de casa com seus agressores, isso aconteceu muito”, diz Juneia.

A pesquisa do DataSenado mostrou que ao menos 18% das mulheres agredidas convivem com o agressor e para 75% o medo leva a mulher a não denunciar. Este cenário foi potencializado com a pandemia.

Adriana Reis de Araújo, explica que “houve o fechamento das estruturas da rede de proteção, mas depois, veio a reabertura desses canais, a denúncia on-line, além do próprio MPT, e isso possibilitou o aumento da proteção e contribuiu para reduzir a subnotificação”.

Paralelamente, uma forma de reação é quando, ao perceber que não são as únicas vítimas, que há outras mulheres na mesma situação, elas se unem e buscam ajuda. “É um quadro que decorre do momento econômico social e sanitário, mas também do acesso à possiblidade de denúncia, remota inclusive, e do empoderamento das mulheres por meio de grupos que orientam a denuncia”, afirma a procuradora do MPT.

Reação

O 8 de março deste ano reforça a luta das mulheres contra a violência em todos os espaços – em casa, nas ruas, no trabalho, no ambiente virtual, enfim em todos os setores da sociedade. E quando se amplia essa área onde a mulher é diariamente oprimida, de diversas formas, seja física, psicológica, econômica, patrimonial, entre outras, não se pode deixar de levar em consideração que o Brasil é um país cuja sociedade é patriarcal.

É isso o que mostra a pesquisa do DataSenado. Para 71% das mulheres, o Brasil é um país machista. Junéia Batista reforça que essa característica é responsável pela violência contra a mulher e afirma que desde o golpe de 2016, contra a presidenta Dilma Rousseff, com especial destaque ao período do governo Bolsonaro, as consequências do machismo se agravaram.

“Jair Bolsonaro é o centro desse problema. Sua conduta misógina e violenta faz com seus apoiadores e outros homens se sintam legitimados em achar que ser machista é correto, sentem que é natural e bonito provar masculinidade e virilidade destratando, violentando e agredindo as mulheres. E isso, não vamos permitir”, diz a dirigente, alertando que este ano, nas eleições, unidasm as mulheres podem banir do mapa Bolsonaro e seus seguidores.

Precisa ficar claro que não podemos admitir nunca mais nas nossas vidas eleger um neonazista, um fascista como Bolsonaro. Por isso, é importante que este ano pensemos bem na hora do voto. Temos que varrer do mapa o machismo, a homofobia e o racismo praticados pelo governo Bolsonaro

– Junéia Batista

Educação

A procuradora regional do Trabalho Adriana Reis de Araújo complementa dizendo que a eliminação da violência contra a mulher se dá por meio de políticas públicas específicas na perspectiva de gênero e passam pela reformulação dos conceitos machistas da sociedade.

A eliminação da violência caminha por meio da educação. A definição de papeis sociais rígidos para homens e mulheres na sociedade contribui para a formação da mentalidade que fundamenta a violência de gênero e a violência doméstica

– Adriana Reis de Araújo

Ela afirma que é preciso rever esses papéis e incentivar que os homens participem do trabalho de cuidados dentro de casa, da divisão de tarefas. Mas também é importante aumentar a rede de proteção a elas e ampliar o alcance das informações pela sociedade sobre que é – e como é – a violência contra a mulher e sobre os canais de denúncia.

“No MPT, nós incentivamos as empresas a adotarem ações afirmativas para que as mulheres tenham igualdade de oportunidades e salarial. Isso reduz a situação de empobrecimento e não apenas distribui melhor a riqueza como também dá maior visibilidade à mulher na carreira” diz Adriana explicando que esses fatores contribuem para modificar a compreensão da divisão social dos papéis de homens e mulheres e possibilita alcançar uma igualdade melhor

Atos

Os atos do 8 de março deste ano cujo lema é “Pela vida das mulheres, contra a fome, o desemprego e a carestia – Bolsonaro Nunca Mais!”, segundo a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, serão emblemáticos. “ Os maiores que faremos”, diz Junéia.

Bahia

Em Salvador, terá caminhada do Campo Grande a Praça da Piedade às 14h. Também está prevista a distribuição de marmitas em frente a Câmara municipal de Salvador (horário a definir), simbolizando a fome.

www.cut.org.br/Andre Accarini

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