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/ domingo, maio 19, 2024
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Fiocruz aponta riscos no combate à covid-19 com vacinação estagnada e desigual

Agência Brasil
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Populações não vacinadas ou com imunização em atraso aumentam risco de surgir novas variantes

São Paulo – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta que a estagnação e a desigualdade na cobertura vacinal são riscos no combate à covid-19 no Brasil. Tal quadro permite que novas variantes surjam e que a velocidade de contágio da doença aumente consideravelmente. Em nota técnica nesta quarta-feira (29), a entidade afirma que a queda de imunidade na população com esquema vacinal atrasado acende um “sinal de alerta” para possível volta de novos períodos críticos da doença.

O estudo mostra que 83,98% da população brasileira já foi imunizada com ao menos uma dose e 78,93% têm o esquema primário completo (segunda dose). No entanto, dificuldades de avanço na vacinação em todas as faixas etárias persistem. E não só no Brasil, representando um desafio global. Por aqui, a Fiocruz atribui parte desse cenário à falta de ações coordenadas e centralizadas das autoridades desde o início da crise de saúde.

A cobertura do esquema primário completo em adultos é menor, por exemplo, em municípios do Centro-Oeste e Norte do país, estabilizado em cerca de 50%. Na primeira dose de reforço, por outro lado, São Paulo e Minas Gerais, Piauí, Paraíba, Bahia e os estados do Sul apresentam maior cobertura. No entanto, estados do Centro-Oeste e Norte do país ainda registram baixa adesão à dose de reforço, até mesmo na população idosa.

“Os estados continuam enfrentando um grande desafio causado principalmente pela onda de desinformação e pela disseminação de notícias falsas, dificuldades logísticas, falta de campanhas”. Além disso, o preenchimento dos dados da primeira e segunda doses de reforço vem apresenta problema em vários estados, como Goiás, Pará, Roraima, Acre, Amapá, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. Nestes estados, parte das vacinas aplicadas como segunda dose de reforço podem ter sido registradas como a primeira.

Estagnação em comparação

De acordo com dados da plataformaOur World in Data, a estagnação na cobertura vacinal ocorreu na maioria das nações. Mesmo com doses disponíveis, as populações já não procuravam os imunizantes, reduzindo a velocidade de aplicação das doses. Na Coréia do Sul e no Vietnã a estagnação ocorre com 81% da população com esquema primário completo. No Uruguai e Argentina, a queda na procura ocorreu com cerca de 72% da população vacinada. Brasil, Estados Unidos, Tailândia, Alemanha e França apresentaram estagnação em 62%. Já Turquia, México, Indonésia e Índia viram o ritmo de aplicação estagnar com a cobertura em torno de 57%.

Eficácia das vacinas no combate à covid-19

Apesar dos riscos apontados, a Fiocruz destaca que a vacinação representou um “marco fundamental” no combate à covid-19 no país, diminuindo significativamente o número de óbitos e casos graves. Quando a campanha de vacinação foi iniciada no Brasil, em 17 de janeiro de 2021, a média móvel era de 900 óbitos por dia. Em 23 estados brasileiros, as taxas de ocupação de leitos de pacientes graves eram superiores a 60%. Dezessete meses depois, no entanto, os efeitos positivos dos imunizantes são visíveis: atualmente, a média móvel de óbitos está em 277, após recente alta nas últimas semanas.

“O avanço da vacinação tem produzido um cenário epidemiológico favorável, porém não se pode afirmar ser o fim da pandemia. Os casos e óbitos estão em números muito menores do que em outros períodos da pandemia, no entanto a vacinação tem enfrentado dificuldades no avanço”, afirma a nota.

Outro levantamento da plataforma SP Covid-19 Info Tracker publicado pelo Uol nesta quinta (30) também destaca a importância de manter a vacinação contra a covid-19 em dia. Os números revelam que, entre março e junho deste ano, seis em cada dez mortos e internados em decorrência da doença no Brasil não tomaram a terceira dose da vacina. Além disso, em três de cada dez óbitos, a dose de reforço foi tomada ainda no ano passado, indicando a necessidade de uma quarta dose em 2022. A maioria das vítimas era idosa e apresentava comorbidades. Por outro lado, apenas 9,3% dos internados tomaram a terceira dose neste ano.

www.redebrasilatual.com.br/Tiago Pereira, da RBA

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