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As encruzilhadas do mercado de trabalho

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A taxa de desemprego caiu, passando para 8,9%. Voltamos à taxa de desemprego do final de 2015. Mas ainda estamos longe da média da taxa de desemprego do início da pesquisa do IBGE em março de 2012 até dezembro de 2014, que ficou em 7,1%. Embora o número de trabalhadores e trabalhadoras com carteira assinada tenha crescido 1,1% em relação ao trimestre anterior, os números são puxados por trabalhadores e trabalhadoras informais vem batendo recordes, chegando a 39,7% da força de trabalho no Brasil. 

A inflação de 2014 levou o governo a subir os juros e, em 2015, o desemprego cresceu. O recente aumento dos juros do Banco Central para conter a inflação pode ter um efeito similar, mas a transmissão do aperto monetário parece não ter chegado ainda ao mercado de trabalho.

Os juros pararam de subir na última reunião do Banco Central, uma vez que o Brasil vem apresentando deflação, e nos deixando com uma das maiores taxas de juros do mundo. A prévia da inflação indica mais um mês de deflação em setembro. O índice geral ficou em 9,51% em agosto, no acumulado de 12 meses, mas, como apontamos, a inflação de alimentos e bebidas ficou em 13,41%, bem acima do índice geral.

O mercado de trabalho vem sofrendo uma mudança profunda desde a reforma trabalhista. As novas contratações se tornam mais precárias, mesmo no mercado formal, enquanto o mercado informal por conta própria cresce. No mercado formal os dados mostram que o saldo do emprego na agricultura cresceu abaixo da média nos últimos 12 meses, fechados em agosto, 3,93%, contra 6,13 da economia como um todo. Os setores mais dinâmicos foram Construção, Alojamento e Serviços.

A proporção de trabalhadores e trabalhadoras formais demitidos(as) com menos de 06 meses cresceu, bem como o número de demissões. O que pode indicar que a reforma trabalhista acabou com os incentivos à permanência do emprego dados pela reforma do seguro-desemprego em 2015. O mercado de trabalho mais precário mantém o(a) trabalhador(a) por menos tempo no emprego, impactando negativamente a rotatividade. Na prática são empregados(as) formais que não têm direito à acessar o seguro-desemprego em caso de demissão sem justa causa, por não cumprir o tempo mínimo de contrato para ter direito ao benefício.

Com relação ao mercado como um todo incluindo os(as) informais, chama atenção que o rendimento médio real caiu 0,6% em agosto em relação ao mesmo período do ano anterior. O número de desempregados(as) é 38% maior do que a média observada entre 2012 e 2014, ficando em cerca de 9,6 milhões, superior também aos 9,2 milhões registrados em dezembro de 2015, 24% inferior aos 12,8 milhões registrados em agosto de 2019, antes da pandemia. Desde dezembro de 2021 até agosto de 2022, o emprego sem carteira assinada cresceu 6%, contra um crescimento de 4% no emprego privado com carteira assinada. O número de empregados(as) no setor publico cresceu 6% no mesmo período, mas os estatutários(as) cresceram apenas 3%.

As incertezas do País (inflação, emprego precário, desemprego ainda alto e a alta dos juros) são pontos decisivos para o futuro do mercado de trabalho, mas o cenário dá sinais de melhoras. Resta saber se será duradouro e se isso dependerá das decisões que serão tomadas após o período eleitoral.

ww2.contag.org.br/Subseção do Dieese – CONTAG – Alexandre Ferraz

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