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Juros “escandalosos” levam Volkswagen e Mercedes-Benz pararem produção

Pátio de montadora em São Bernardo do Campo (SP). Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil
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“Juros em 13,75% inviabiliza a venda de carros novos, já que dois terços dessas vendas são feitas por financiamento”, afirma sindicalista

A Volkswagen e a Mercedes-Benz anunciaram que vão suspender temporariamente os contratos de trabalho (layoff) em suas fábricas no Brasil devido à queda na demanda. A medida vai colocar em layoff 800 funcionários da Volkswagen em Taubaté (SP) a partir de 1º de agosto. Já a Mercedes-Benz informou que está estendendo o layoff para os trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) até 31 de agosto, “em razão do atual nível de demanda de veículos comerciais no mercado brasileiro”.

Falta de demanda e crédito inacessível pelas altas taxas de juros inviabilizam as vendas e derrubam a produção nas montadoras. “Infelizmente, a taxa de juros, a Selic, continua em 13,75% e inviabiliza a venda de carros novos, já que dois terços dessas vendas são feitas por financiamento. Com isso, as montadoras têm enfrentado um acúmulo de veículos em estoque nos pátios”, denunciou o presidente do sindicato, Claudio Batista. O layoff em Taubaté está previsto para dois meses, mas pode durar até cinco meses, estima o sindicato.

Em nota, a Volkswagen só informou que a suspensão dos contratos será feita para adequar o volume de produção ao mercado. Em junho, a montadora já havia colocado em lay-off os trabalhadores da fábrica de São José dos Pinhais (PR).

O layoff em Taubaté estava previsto para junho, mas a multinacional adiou a iniciativa com o anúncio do programa do governo federal de incentivo à compra de carros novos para ajudar as montadoras e reduzir os preços dos veículos, que no Brasil são muito mais caros do que em seus países de origem.

Desde agosto de 2022, a taxa básica de juros (Selic) do Banco Central está em 13,75% ao ano, fazendo com que a economia desacelere, com quedas nas atividades da indústria, no setor de serviços e no comércio varejista, na geração de empregos, além do aumento da inadimplência das famílias e das empresas. Levar a economia para uma recessão e o desemprego é o objetivo central de Campos Neto, presidente do Banco Central. Tal intenção está explícita nas atas de reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do órgão, que decide sobre a taxa de juros.

De acordo com o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de maio do Banco Central, considerado uma prévia do PIB a economia recuou 2% frente a abril (0,56%). É o maior tombo desde março de 2021 (-3,6%). Ao comentar a queda, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que já aguardava o “resultado”. “O juro real é muito elevado. A pretendida desaceleração do Banco Central chegou muito forte”, criticou Haddad.

“Precisamos ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% o juro real ao ano. É muito pesado para a economia”, disse o ministro.

Como disse o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), nesta segunda-feira (27), em relação à teimosia do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, para agradar os especuladores e os bancos, estrangula o país com a Selic de 13,75% e o maior juro real do mundo.

“As coisas estão caminhando bem: inflação em queda, câmbio competitivo, reforma tributária aprovada na Câmara, arcabouço fiscal encaminhado. Só faltam os escandalosos juros caírem e nós vamos ter uma geração de emprego ainda mais forte”, afirmou o vice e também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do governo Lula.

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