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/ quinta-feira, maio 2, 2024
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Com os maiores juros do planeta, metade dos brasileiros não consegue sair da Serasa, diz pesquisa

Foto: Marcello Casal Jr/ABr
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Com taxa de 430% ao ano, o cartão de crédito é apontado como o principal motivo da inadimplência, aponta Quaest

Com os juros mais elevados do planeta, metade dos brasileiros não conseguem sair do cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ou da Serasa, segundo dados da pesquisa Quaest, divulgada nesta terça-feira (22).

De acordo com pesquisa, 56% dos brasileiros já tiveram seus nomes negativados. Entre os mesmo pesquisados, 51% afirmaram que não conseguiram sair do cadastro negativo.

O trabalho informa que a maior concentração de pessoas que já foram negativados ganha até dois salários mínimos (58%) e de dois a cinco salários (58%). O percentual de quem ganha acima de cinco salários fica em uns percentuais abaixo (50%).

Para a consultora financeira Renata Cavalheiro, há vários fatores para os números da inadimplência no Brasil. “Nos últimos anos tivemos uma alta na taxa básica de juros [Selic] e a escalada da inflação, consequentemente, o encarecimento de produtos, serviços e do crédito”, disse, em reportagem da Folha de São Paulo.

“Ficaram mais caras para as famílias as idas ao mercado e aumentou a necessidade da utilização de limites de cartões de crédito, que, por sua vez, estão com os juros mais altos, o que ocasionou uma queda assustadora no seu poder de compra e um círculo vicioso”, afirma a consultora.

Até julho, a Serasa registrou 71,41 milhões de inadimplentes. Renata Cavalheiro diz que o valor médio das dívidas é de R$ 4.000. “À primeira vista pode não parecer um valor alto, mas temos de lembrar que o salário mínimo é de R$ 1.320. Certamente essas famílias terão dificuldades para honrar esses compromissos”, ressaltou.

O cartão é a maior causa de endividamento dos brasileiros, que vem recorrendo ao uso da modalidade de crédito para fazer frente às despesas, inclusive de supermercados.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao invés de colocar limite aos juros extorsivos que ultrapassam 430% ao ano, resolveu atacar o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Em manifesto divulgado nesta quarta-feira (23), entidades do comércio, entre outros segmentos, afirmam que “o parcelamento sem juros é a oportunidade de adquirir um produto ou serviço em condições que se encaixam melhor em seu orçamento, muitas vezes atendendo a necessidades urgentes”.

De acordo com a pesquisa, pessoas com ganhos de um a cinco salários, ou mesmo acima disso, estão comprometidas no mesmo nível de dívidas. Os que ganham mais de cinco salários mínimos tem 37%, para os que ganham entre dois e cinco o percentual é de 35% e, para os que ganham até dois salários, 31%. Entre os que tem mais ganhos o endividamento é maior.

Outro recorte da pesquisa mostra que entre aqueles que ainda têm pendências financeiras, 66% afirmaram ter muitas dívidas, 72% disseram enfrentar dificuldades para pagá-las.

DESENROLA

O programa do governo federal para facilitar a saída da negativação já renegociou um total de 1,3 milhão de dívidas correspondente a R$ 8,1 bilhões, de acordo Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O programa Desenrola é útil porque estimula uma comunicação direta e dirigida para soluções práticas para credores e devedores renegociarem as dívidas.

A Quaest apontou que 37% das pessoas conseguiram quitar suas dívidas renegociando o valor com o banco. Outros 25% renegociaram para pagar com um prazo maior.

A pesquisa sobre a situação das pessoas negativadas e das condições delas de quitarem ou renegociarem suas dívidas foi realizada presencialmente com 2.029 pessoas com 16 anos ou mais, de 10 a 14 de agosto.

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