Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, maio 3, 2024
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Inadimplência avança e é a maior em 8 meses

Izis Ferreira, economista da Confederação Nacional do Comércio. Reprodução/CNC
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Juros altos dificultam famílias a pagarem suas dívidas, aponta a economista da CNC Izis Ferreira sobre o índice que atingiu 30% dos consumidores com dívidas atrasadas em agosto

Em agosto, 30% das famílias brasileiras estavam com dívidas atrasadas, segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC), divulgada nesta terça-feira (5). É a maior proporção em oito meses. A economista da CNC, Izis Ferreira, responsável pelo levantamento, aponta que a principal causa do avanço da inadimplência no País são os  juros altos.

O volume de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar as dívidas de meses anteriores chegou ao nível recorde de 12,7% do total de consumidores, principalmente entre as famílias de mais baixa renda, de 0 a 3 salários.

Para Izis Ferreira, mesmo com a inflação trazendo uma trégua para o orçamento doméstico, “é um desafio negociar ou pagar uma dívida que está atrasada há mais tempo e que sofre mais com esses juros altos, que aumentam as despesas com juros e que acabam tornando o valor da dívida muito significativa e essa família não consegue pagar. Então temos um contexto de endividamento com tendência de queda e da inadimplência que ainda preocupa e segue crescente”.

“Quando a gente olha os juros do cartão de crédito, por exemplo, são juros altíssimos. A gente está falando de algo em torno de 15% ao mês e mais de 440% ao ano no rotativo. Então, isso é que tem levado essas pessoas a apontarem uma maior dificuldade para pagar suas dívidas”, declarou Izis Ferreira ao  jornal “O Globo”.

Ao divulgar os dados no site da CNC, a economista Izis Ferreira destaca que o volume de famílias endividadas no Brasil se reduziu pelo segundo mês consecutivo, na comparação mensal, em todas as faixas de renda, atingindo a taxa de 77,4% do total dos consumidores com algum tipo de dívidas. Ela cita a inflação mais baixa “quatro vezes menos do que o período do ano passado” e “o mercado de trabalho resiliente, absorvendo pessoas com menor grau de instrução”. Por outro lado, “tivemos alta nos índices de inadimplência no volume de pessoas com dívidas atrasadas e no volume de pessoas que afirmam que não vão conseguir pagar as dívidas e vão continuar inadimplentes”.

A economista ressalta, ainda, o efeito danoso dos juros altos no orçamento das famílias. “São pessoas que estão com dívidas em mais de uma modalidade, com maior quantidade de dívidas, com dificuldade de pagar as dívidas no prazo de vencimento, principalmente no contexto de mercado de juros que continuam muito altos em várias modalidades de crédito”, ressalta.

O cartão de crédito, com seus juros proibitivos em julho de 445,7% ao ano, continua sendo o principal vilão das dívidas. Mais de 85,5% do total pesquisados afirmam ter dívidas com o cartão de crédito. Na sequência, estão as dívidas com as parcelas de carnês (17%).

A pesquisa da CNC considera percentual de famílias endividadas os consumidores que declaram ter dívidas na família, além do cartão de crédito, com cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro, financiamento de casa, entre outras dívidas.

O percentual de famílias com contas/dívidas em atraso são os consumidores considerados inadimplentes, aqueles que não conseguiram a pagar as contas em dia ou afirmam que não vão conseguir pagar as contas.

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