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/ domingo, abril 28, 2024
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De quantos dias é o atestado para dengue? Entenda quando a doença pode levar a afastamento do trabalho

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Quadro clínico é fundamental para determinar o número de dias do afastamento. As empresas devem monitorar o número de casos e eliminar possíveis focos de proliferação do mosquito.

Mesmo com boa parte dos casos não evoluindo para quadros graves e para a morte, a dengue é uma doença debilitante, que muitas vezes pode provocar afastamentos temporários do trabalho.

Ministério da Saúde inclui a dengue na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT). Ela pode ser considerada uma patologia associada ao trabalho se durante as atividades de trabalho a pessoa tiver sido exposta ao mosquito Aedes aegypti, o agente transmissor da dengue.

Márcia Bandini, médica e professora da área de Saúde do Trabalhador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que não é a doença em si, mas a forma de transmissão que determina a patologia relacionada ao trabalho.

“Se uma pessoa mora no 15º andar de um prédio (altura que o mosquito não alcança), tem seus momentos de lazer de forma protegida, mas trabalha em um local que tem múltiplos criadores do Aedes aegypti e vários casos de trabalhadores com dengue, é muito provável que esse caso seja relacionado ao trabalho”, exemplifica.

Ela também comenta que quando há uma epidemia como a que o Brasil enfrenta, é difícil saber se a transmissão aconteceu no trabalho ou fora dele.

Mas tendo sido contraída no trabalho ou não, a dengue pode levar ao afastamento das funções – assim como acontece com doenças como Covid-19, viroses e até gripe.

Sintomas como dor de cabeça intensador atrás dos olhos e dores muscularescaracterísticos da dengue, podem dificultar o desempenho de diversas atividades. Além disso, uma das principais recomendações dos especialistas para a recuperação é o repouso, algo que pode ser feito de maneira bem mais tranquila em casa.

g1 conversou com alguns especialistas para entender quais protocolos devem ser adotados com relação ao trabalho em caso de sintomas de dengue. Confira abaixo 4 perguntas sobre o assunto:

1 – De quantos dias é o atestado por dengue?

Depende! O afastamento pela doença pode ir de três a dez dias, a depender da intensidade dos sintomas.

Celso Granato, médico infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury, comenta que o atestado no caso de dengue está sempre atrelado aos sintomas relatados e à evolução do quadro clínico da pessoa. E que, em casos mais graves, o afastamento pode ser até maior do que dez dias.

“Tem gente que fica dois dias em casa e vai estar bem para voltar, porque não vai ter nenhum tipo de complicação. Agora, se a pessoa está com sintomas mais intensos, é preciso ficar atento para os sinais de alarme”, analisa.

⚠️Os sinais de alarme são fundamentais para identificar os casos graves da doença. Eles normalmente aparecem após o período febril e se caracterizam, principalmente, por:

  • Dor abdominal intensa
  • Vômitos persistentes
  • Acúmulo de líquido em cavidades corporais
  • Sangramento de mucosa
  • Hemorragias

 

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2 – É preciso fazer teste para conseguir o atestado?

Não. O que determina o afastamento por dengue não é o diagnóstico, seja clínico ou por teste, e sim a gravidade dos sintomas.

Márcia Bandini explica que qualquer licença do trabalho depende da incapacidade temporária da pessoa em exercer suas atividades laborais.

Celso Granato também pontua que, uma vez que o teste não é sempre acessível, não se exige esse tipo de comprovação para o afastamento. Ele ainda pondera que, caso a pessoa tenha a possibilidade de realizar o teste, é uma medida que pode auxiliar no prognóstico e nas orientações médicas.

❗Assim, no caso da dengue, basta um atestado do médico que avaliou o caso.

Outro ponto levantado pela professora Bandini é que, como a doença é transmitida pelo mosquito infectado pelo vírus e não de pessoa para pessoa, o atestado tem como objetivo unicamente a recuperação do paciente.

“No caso do afastamento prolongado da Covid-19, por exemplo, o objetivo era reduzir a transmissão entre pessoas. No caso da dengue, o que importa é a condição clínica da pessoa”, compara.

 

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3 – Qual protocolo deve ser adotado no trabalho em caso de sintomas?

Depende! Assim como são determinantes para o número de dias do atestado, os sintomas é que vão definir o protocolo a ser adotado com relação ao trabalho.

Isso significa que alguém com um quadro leve, que se sentir bem para trabalhar de casa ou desempenhar suas funções normalmente, não precisa necessariamente se afastar das atividades caso tenha sido infectado.

Os especialistas orientam que é essencial ficar atento a qualquer tipo de agravamento dos sintomas para o tratamento adequado da doença.

Márcia lembra que os pontos mais importantes para uma boa recuperação em caso de dengue são:

  • Hidratação abundante
  • Repouso
  • Não se automedicar, porque alguns remédios podem agravar o quadro
  • Monitorar os sintomas

🚨O Ministério da Saúde recomenda que os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença devem procurar um serviço de saúde, para acompanhamento clínico.

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4 – A empresa deve monitorar os casos de dengue entre os funcionários?

Sim! O acompanhamento do número de casos por parte da empresa é importante para que sejam adotadas medidas de prevenção contra o mosquito.

“Se a empresa começa a perceber uma quantidade muita alta de casos, isso pode indicar que o local de trabalho poder estar expondo os funcionários a esse risco, com possíveis focos de proliferação do mosquito”, afirma o infectologista Celso Granato.

De acordo com os especialistas, além das ações de eliminação de potenciais criadouros no ambiente de trabalho, é importante que a empresa conscientize os funcionários sobre a doença – uma vez que a maioria das infecções é contraída em casa.

Além disso, eles orientam que, ao sinal de qualquer sintoma, a pessoa deve procurar a área de Saúde Ocupacional das empresas. Os profissionais da saúde podem auxiliar no encaminhamento correto para um especialista, além de serem responsáveis por catalogar os casos.

www.g1.globo.com/saude/Júlia Carvalho

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