Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ segunda-feira, abril 29, 2024
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Apagão de 68 horas em São Paulo escancara a realidade da privatização de serviços essenciais

Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil
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Uma ventania na última sexta-feira (3/11) deixou diversos bairros de São Paulo sem luz. Quase 70 horas depois, o serviço não foi restabelecido. Os canais de comunicação com a população foram cortados e 500 mil pessoas seguem sem luz na Grande São Paulo.

A Enel, empresa italiana com sede em Roma, que comprou 73% da Eletropaulo e assumiu sua direção em 2018, reduziu a sua força de trabalho em 35,5% em quatro anos. O corte aconteceu apesar do aumento de 7% do número de clientes atendidos na região metropolitana. O número de funcionários por clientes caiu de um funcionário para cada 307 clientes para um empregado para 511 consumidores, em média.

A empresa atua, além de São Paulo, nos estados do Rio de Janeiro e Ceará, e está presente em mais de 30 países na Europa e Américas. Os problemas não acontecem apenas no Brasil: no Chile, em outubro de 2019, a sede da empresa, em Santiago, foi incendiada em protesto contra aumentos acima de 15% na tarifa de energia elétrica e pela péssima qualidade dos serviços prestados.

A história se repete como farsa

O presidente do Senge RJ, Olímpio Alves dos Santos, destaca que o apagão em São Paulo é resultado da repetição de um roteiro já bastante conhecido: empresas de serviços essenciais para a população, depois de privatizadas, passam a prestar um péssimo serviço, já que sua prioridade está no lucro. “Essas empresas nunca tiveram a preocupação de prestar um serviço adequado, mas sim a remuneração do investimento realizado, com grande retorno a seus acionistas. Na década de 50, quando os serviços públicos eram privados, chegaram a inviabilizar o desenvolvimento do país, em especial no sistema de energia elétrica, por falta de investimento dessas empresas. Tínhamos racionamento de energia porque não havia capacidade de atendimento”, destaca Olímpio, lembrando o período em que tiveram início os investimentos estatais por meio de empresas públicas, que atingiu seu ápice na década de 1980, resolvendo a questão.

“Já nos anos 1990, vieram com a história de que as empresas públicas, estatais, eram ineficientes. Isso não é verdade. O serviço era melhor e o custo, menor”, destaca Olímpio. De lá para cá, ele aponta, ficou evidente, mais uma vez, o que já era óbvio desde décadas atrás: “Há uma incompatibilidade entre a prestação de serviços públicos e a remuneração de dividendo para investidores. A qualidade do serviço fica em terceiro plano”, aponta.

Olímpio destaca, ainda, que a sanha privatista segue forte, apesar de tantas provas de ineficiência, graças à financeirização. “O que ocorre é a criação quase fictícia de valor através dos derivativos, de dividendos fictícios, como vimos, por exemplo, no caso Americanas. Os capitais criados, que não são riqueza de fato, são transformados em ativos reais. Essas privatizações são lavagem de dinheiro a partir de derivativos”, aponta.

Privatização da Sabesp a toque de caixa

Em meio a crise, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) seguem em campanha pela privatização da distribuição de água e saneamento, com a venda da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp, segunda maior companhia de saneamento da América Latina.

Aconteceria hoje (06/11) uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo – Alesp para discutir a privatização da empresa, mas foi suspensa graças ao prazo insuficiente – de cinco dias – para a mobilização da sociedade civil. A decisão do juiz Raphael Augusto Cunha, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, fixa um mínimo de oito dias úteis de antecedência e determina a realização de outras quatro audiências públicas antes da votação do projeto de lei. A proposta de privatização da Sabesp, enviada por Tarcísio, tramita em regime de urgência na Alesp.

www.sengerj.org.br/Com informações da Rede Brasil Atual e Carta Capital

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